Jardim Imaginário

Fotografia do terreno

Desde criança, sempre gostei muito de espaços verdes, com árvores e de os descobrir escondidos no meio de prédios. Se calhar como todas as crianças que nascem na cidade e aprendem que o verde traz correr, jogar, deitar no chão, gritar.

Estivesse em que cidade estivesse, quando adolescente, olhava para um pedaço de terreno baldio e imaginava um espaço de convívio, um banco de jardim onde ler, uma relva onde estender a preguiça.

Com o passar dos anos, percebi que invariavelmente ao verde seguia o cinzento betão, ao espaço aberto convivido seguia o compartimentado, fechado.

Então aprendi que “o dinheiro forra todos os jardins a betão”. Apenas mais um aforismo negativo a juntar a uma filosofia de vida que sobressai em frases repetidas até à exaustão: “não vale a pena”, “isso só com cunha”, “são todos iguais”, “não é possível”, “é melhor que um pontapé nas costas”, “devias era estar contente com o que tens”, “nunca pior”, etc.

Há cerca de 2 anos e meio, com amigos, voltei a procurar um recanto verde entre os prédios. Lá estava ele, num sítio por onde passara centenas de vezes, sem ver. Era como se tivesse um encantamento e só pudesse ser visto por quem andava à procura. Mais tarde, ficaria conhecido como o Jardim Imaginário e que nome tão apropriado.

Durante este tempo de comunicação com os vizinhos e comerciantes das redondezas do terreno, pedidos à câmara municipal, de organização de protestos criativos, em que cada vez mais pessoas se deslumbravam com o jardim, podíamos transportá-lo nas palavras como um aforismo positivo. E assim o jardim existia em construção dentro de cada um e alimentava-se de entusiamo sempre que era partilhado.

Ainda não tenho a certeza se ele existia antes de ser visto e desconfio que o jardim se mostra de maneira diferente para cada pessoa. Mas alguma coisa tem em comum para todos e não é o verde porque esse tem tonalidades diferentes nem as árvores que se mexem com o vento. Acho que é o olhar refletido de todos os que o descobrem, todos os dias, por entre os prédios.

por Maria Vitor Mota

Inauguração da exposição

Foto da inauguração da exposiçãoAqui reproduzimos o conteúdo da apresentação feita pelo nosso colega André:

«A transformação social das comunidades criou um afastamento comunicacional e relacional entre a população.

Embora a distância física e geográfica esteja mais curta do que nunca, devido a uma estrutura urbanística crescente e massificada, os laços humanos e pessoais estão incompreensivelmente cada vez mais ausentes.

O projeto Humanistas pela Não-violência nasceu em 2012 para responder aos diversos tipos de problemas sociais criados pelo sistema em que vivemos, tais como: a solidão; o individualismo; o egoísmo; a indiferença; o materialismo;o isolamento; a desconfiança; o medo…

Através de várias iniciativas, promovemos a reaproximação das pessoas, criando um espirito de entreajuda cada vez mais forte.

Somos seres sociais, e como tal devemos evoluir nesse sentido, com compreensão, confiança e respeito pelo próximo.

Isso permitirá igualmente chegar a um desenvolvimento pessoal. Atingir estados de bem-estar físicos e mentais só serão possíveis se conseguirmos criar um espirito comunitário harmonioso e humanista.»

Veja aqui mais fotos da inauguração.

O vereador do Pelouro do Ambiente da Câmara Municipal do Porto confirmou, à margem da inauguração da exposição, que a obra do jardim com parque infantil na areosa vai mesmo avançar e já está adjudicada.

Veja a notícia completa no sítio da agência Pressenza.

Parques, praças e jardins

Piquenique no jardim imaginário

Circulávamos pelo parque General San Martín de Mendoza, esperando que se fizesse um pouco mais tarde para reunirmos com outros amigos. As ma­jestosas árvores amparavam-nos com as suas sombras, deixando passar ainda as últimas luzes já avermelhadas desse entardecer. A atmosfera ganhava magia e eu fiz algum comentário sobre isso…

“Os parques, as praças e os jardins têm as suas raízes muito longíquas, numa espécie de memória ancestral comum a todas as culturas, na remi­niscência do meio rural, que é o nosso âmbito conjunto. Dali proviemos todos, afirmou Mario. E continuou: a nossa espécie era nómada e sedentarizou-se. Do­mesticou as plantas, os animais, até os metais. Organizou-se em assentamentos, enterrou os seus mortos, observando a natureza foi aprendendo. Quando deixou caídas algunas sementes e continuou a sua marcha, ao regressar encontrou-as germinadas e compreendeu que podia semeá-las e vê-las crescer no futuro. Advertiu os ciclos e ritmos, as distintas estações foram alegorizadas e houve sempre um renascer. Essa nova primavera, essa esperança, volta a surgir uma vez mais a partir dos gelos; das escuras trevas, o ciclo continua e abre caminho à evolução.

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Encontro do dia 15

No encontro do dia 15 de Janeiro conversamos sobre este texto, excerto de uma intervenção pública de Silo em 1981.

O texto completo pode ser obtido neste link: ato_publico_madrid_1981.pdf e visto no Youtube (em espanhol).

Aconteceu há muito tempo que floresceu a vida humana neste planeta. Então e com a passagem dos milénios, os povos foram crescendo separadamente e houve um tempo para nascer, um tempo para gozar, um tempo para sofrer e um tempo para morrer. Indivíduos e povos, construindo, foram-se substituindo até herdarem finalmente a terra e dominarem as águas do mar e voarem mais velozes do que o vento e atravessarem as montanhas e com vozes de tempestade e luz do sol mostrarem o seu poder. Então, viram ao longe o seu planeta azul, amável protector com as suas nuvens como um véu. Que energia moveu tudo isso?

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Os princípios

No encontro do dia 22 falamos do seguinte texto, parte do livro Humanizar a Terra de Silo.

XIII. OS PRINCÍPIOS

Diferente é a atitude perante a vida e as coisas quando a revelação interna fere como um raio.

Seguindo os passos lentamente, meditando no dito e no ainda por dizer, podes converter o sem-sentido em sentido.

Não é indiferente o que faças com a tua vida. A tua vida, submetida a leis, está exposta perante possibilidades a escolher.

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A história do cavalo que não está com sede

Texto discutido no encontro do dia 15:

O jovem da cidade queria prestar um serviço à fazenda onde o hospedavam, e então pensou:

Antes de levar o cavalo para o campo, vou dar-lhe de beber. Ganho tempo e ficaremos sossegados o dia todo.

Mas o que é isso? Agora é o cavalo quem manda? Recusa-se a ir para o bebedouro e só tem olhos e desejos para o campo de luzerna! Desde quando são os animais que mandam? Venha beber, estou dizendo!…

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Se persegues um fim, acorrentas-te. Se tudo o que fazes é realizado como se fosse um fim em si mesmo, libertas-te

Este foi o texto que escolhemos para o encontro do dia 8:

O princípio da ação imediata. “Se persegues um fim, acorrentas-te. Se tudo o que fazes é realizado como se fosse um fim em si mesmo, libertas-te”.

Mostra como obter proveito de qualquer situação intermédia que nos leva à concretização de um objetivo. Não diz que não devam existir fins, já que a planificação de qualquer atividade faz-se com base num ou vários fins. O que se está a explicar é que dado um fim qualquer, todos os passos que a ele levam devem considerar-se do modo mais positivo possível. Se não for assim, qualquer atividade anterior à obtenção do fim produz sofrimento e, portanto, ainda que o fim se concretize perde sentido, pelo custo vital que representa o sofrimento aplicado nos passos.

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As duas propostas

No encontro de 24 de junho falamos sobre este texto, excerto do livro Cartas aos meus amigos de Silo:

Pensar, sentir e actuar na mesma direcção e tratar os outros como se deseja ser tratado, são duas propostas tão singelas que podem ser entendidas como simples ingenuidades pela gente habituada às complicações.

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Encontro do dia 17 de junho

Neste encontro trocamos impressões sobre este texto:

Excerto de uma conversa com Silo, em 28 de setembro de 1978 nas Canárias (Espanha)

O trabalho de um mestre, o trabalho de um instrutor é muito importante. Mas em épocas de urgência, o trabalho de um guia é o de maior importância. Não vamos falar do que sucede atualmente no mundo. Todos sabemos que nos aproximamos aceleradamente de uma crise universal. Também sabemos que se estão a perder todas as referências. É um momento grave, semelhante ao momento anterior a um naufrágio. Neste tipo de situação os mestres e os instrutores devem converter-se em guias. O mundo já está nas trevas e precisa de referências. Será necessário que se acendam os archotes dos guias. E se isso se puder cumprir, poderá dizer-se: “porque o mundo estava nas trevas, veio a Luz ao mundo”.

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Os modelos de vida

No encontro de 10 de junho conversamos sobre o seguinte texto:

1. Na tua paisagem interna há uma mulher ou um homem ideal (segundo seja o caso), que procuras na paisagem externa através de tantas relações, sem poderes jamais tocar. Excepto o curto período em que o amor completo deslumbra com a sua chispa, essas pederneiras não coincidem num ponto preciso.

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