A proporção nas acções

No encontro do dia 25 de outubro trocamos impressões sobre este texto, excerto do livro «Cartas aos meus amigos», terceira carta, de Silo, cujo texto integral se pode obter aqui.

11. A proporção nas acções como avanço em direcção à coerência.

Como avançar em direcção coerente? Em primeiro lugar, necessitaremos de uma certa proporção no que fazemos quotidianamente. É necessário estabelecer quais são as questões mais importantes na nossa actividade. Devemos priorizar o fundamental para que as coisas funcionem, depois o secundário e assim seguindo. Possivelmente atendendo a duas ou três prioridades, teremos um bom quadro de situação. As prioridades não podem inverter-se, também não podem separar-se tanto que se desequilibre a nossa situação. As coisas devem ir em conjunto, não isoladamente, evitando que umas se adiantem e outras se atrasem. Frequentemente, cegamo-nos pela importância de uma actividade e, desta maneira, desequilibra-se-nos o conjunto… no final, o que considerávamos tão importante também não se pode realizar, porque a nossa situação geral ficou afectada. Também é certo que às vezes se apresentam assuntos de urgência a que devemos dedicar-nos, mas é claro que não se pode viver postergando outros que são importantes para a situação geral em que vivemos. Estabelecer prioridades e levar a actividade em proporção adequada, é um avanço evidente em direcção à coerência.

O comportamento coerente

No encontro do dia 18 de outubro trocamos impressões sobre este texto, excerto do livro «Cartas aos meus amigos», terceira carta, de Silo, cujo texto integral se pode obter aqui.

6. O comportamento coerente

Se pudéssemos pensar, sentir e actuar na mesma direcção, se o que fazemos não nos criasse contradição com o que sentimos, diríamos que a nossa vida tem coerência. Seríamos fiáveis para nós mesmos, ainda que não necessariamente fiáveis para o nosso meio imediato. Deveríamos conseguir essa mesma coerência na relação com outros, tratando os demais como queremos ser tratados. Sabemos que pode existir uma espécie de coerência destrutiva, como observamos nos racistas, nos exploradores, nos fanáticos e nos violentos, mas está clara a sua incoerência na relação porque tratam os outros de um modo muito diferente daquele que desejam para si mesmos. Continuar a ler O comportamento coerente

Texto sobre o sentido da vida

No encontro de 11 de outubro lemos e conversamos sobre o seguinte texto, excerto do livro «Humanizar a Terra», de Silo, cuja versão integral se pode obter neste link.

VII. DOR, SOFRIMENTO E SENTIDO DA VIDA

1. A fome, a sede, a doença e toda a injúria corporal, são a dor. O temor, a frustração, a desesperança e toda a injúria mental, são o sofrimento. A dor física retrocederá na medida em que avancem a sociedade e a ciência. O sofrimento mental retrocederá na medida em que avance a fé na vida, isto é, na medida em que a vida adquira um sentido.

2. Se por acaso te imaginas como um bólido fugaz que perdeu o seu brilho ao tocar esta terra, aceitarás a dor e o sofrimento como a própria natureza das coisas. Porém, se crês que foste lançado ao mundo para cumprir a missão de humanizá-lo, agradecerás aos que te precederam e construíram trabalhosamente o teu degrau para continuar na ascensão.

3. Nomeador de mil nomes, fazedor de sentido, transformador do mundo… os teus pais e os pais dos teus pais continuam-se em ti. Não és um bólido que cai, mas sim uma brilhante seta que voa em direcção aos céus. És o sentido do mundo e quando aclaras o teu sentido, iluminas a terra. Quando perdes o teu sentido, a terra escurece-se e abre-se o abismo.

4. Dir-te-ei qual é o sentido da tua vida aqui: humanizar a Terra! O que é humanizar a Terra? É superar a dor e o sofrimento, é aprender sem limite, é amar a realidade que constróis.

5. Não posso pedir-te que vás mais além, mas também não será ultrajante que eu afirme: “Ama a realidade que constróis e nem mesmo a morte deterá o teu vôo!”

6. Não cumprirás a tua missão se não deres o teu melhor para vencer a dor e o sofrimento daqueles que te rodeiam. E se consegues que eles, por sua vez, empreendam a tarefa de humanizar o mundo, abrirás o seu destino para uma vida nova.

Acerca do humano

No encontro de 4 de outubro lemos e conversamos sobre o seguinte texto, excerto de uma conferência de Silo cuja versão integral se pode obter neste link.

«Enquanto registar do outro a sua presença “natural”, o outro não passará de uma presença objectal, ou particularmente animal. Enquanto estiver anestesiado para percepcionar o horizonte temporal do outro, o outro não terá nenhum sentido além do para-mim. A natureza do outro será um para-mim. Mas ao constituir o outro num para-mim, constituo-me e alieno-me em meu próprio para-si. Quero dizer: “Eu sou para-mim” e com isso fecho o meu horizonte de transformação. Quem coisifica, coisifica-se e com isso fecha o seu horizonte.

Enquanto não experimentar o outro fora do para-mim, a minha actividade vital não humanizará o mundo. O outro deveria ser para o meu registo interno uma cálida sensação de futuro aberto que nem sequer termina no sem-sentido coisificador da morte.

Sentir o humano no outro é sentir a vida do outro num belo e multicolor arco-íris, que mais se distancia na medida em que quero deter, apanhar, arrebatar a sua expressão. Tu afastas-te e eu reconforto-me, se é que contribuí para romper as tuas correntes, superar a tua dor e sofrimento. E se vens comigo é porque te constituis num acto livre como ser humano, não simplesmente porque nasceste “humano”. Eu sinto em ti a liberdade e a possibilidade de constituir-te em ser humano. E os meus actos têm em ti o meu alvo de liberdade. Então, nem a tua morte pode deter as acções que puseste em marcha, porque és essencialmente tempo e liberdade. Amo, portanto, no ser humano, a sua humanização crescente. E nestes momentos de crise, de coisificação, nestes momentos de desumanização, amo a sua possibilidade de reabilitação futura.»