As duas propostas

No encontro de 24 de junho falamos sobre este texto, excerto do livro Cartas aos meus amigos de Silo:

Pensar, sentir e actuar na mesma direcção e tratar os outros como se deseja ser tratado, são duas propostas tão singelas que podem ser entendidas como simples ingenuidades pela gente habituada às complicações.

No entanto, atrás dessa aparente candura, há uma nova escala de valores em cujo ponto mais alto se põe a coerência, uma nova moral para a qual não é indiferente qualquer tipo de acção, uma nova aspiração que implica ser consequente no esforço para dar direcção aos acontecimentos humanos. Por trás dessa aparente candura, aposta-se no sentido da vida pessoal e social que será verdadeiramente evolutivo ou caminhará para a desintegração. Já não podemos confiar que velhos valores dêem coesão às pessoas num tecido social deteriorado dia-a-dia pela desconfiança, o isolamento e o individualismo crescente. A antiga solidariedade entre os membros das classes, associações, instituções e grupos vai sendo substituída pela concorrência selvagem a que não escapa o casal nem a irmandade familiar. Neste processo de demolição, não se elevará uma nova solidariedade com base em ideias e comportamentos de um mundo que já era, mas sim graças à necessidade concreta de cada um de direccionar a sua vida, para o que terá de modificar o seu próprio meio. Essa modificação, se é verdadeira e profunda, não se pode pôr em andamento por acção de imposições, por leis externas ou por fanatismos de qualquer tipo, mas sim pelo poder da opinião e da acção mínima conjunta entre as pessoas que fazem parte do meio em que se vive.

Deixar uma resposta