Encontro do dia 15

No encontro do dia 15 de Janeiro conversamos sobre este texto, excerto de uma intervenção pública de Silo em 1981.

O texto completo pode ser obtido neste link: ato_publico_madrid_1981.pdf e visto no Youtube (em espanhol).

Aconteceu há muito tempo que floresceu a vida humana neste planeta. Então e com a passagem dos milénios, os povos foram crescendo separadamente e houve um tempo para nascer, um tempo para gozar, um tempo para sofrer e um tempo para morrer. Indivíduos e povos, construindo, foram-se substituindo até herdarem finalmente a terra e dominarem as águas do mar e voarem mais velozes do que o vento e atravessarem as montanhas e com vozes de tempestade e luz do sol mostrarem o seu poder. Então, viram ao longe o seu planeta azul, amável protector com as suas nuvens como um véu. Que energia moveu tudo isso?

Que motor pôs o ser humano na história senão a rebelião contra a morte? Porque já desde a antiguidade a morte acompanhou o seu passo como uma sombra. E também desde a antiguidade entrou nele e quis conquistar o seu coração. Aquilo que no princípio foi luta contínua movida pelas necessidades próprias da vida, foi depois luta movida pelo temor e pelo desejo. Dois caminhos se abriram: o caminho do sim e o caminho do não. Então, todo o pensamento, todo o sentimento e toda a acção foram perturbados pela dúvida do sim e do não. O sim criou tudo aquilo que fez superar o sofrimento. O não acrescentou dor ao sofrimento. Nenhuma pessoa ou relação ou organização, ficou livre do seu sim interior e do seu não interior. Depois, os povos separados foram-se ligando e, finalmente, as civilizações ficaram conectadas; o sim e o não de todas as línguas invadiram simultaneamente os últimos recantos do planeta.

Como vencerá o ser humano a sua sombra? Será por acaso fugindo dela? Será por acaso enfrentando-a em incoerente luta? Se o motor da história é a rebelião contra a morte, revolta-te agora contra a frustração e a vingança. Deixa pela primeira vez na história de procurar culpados. Uns e outros são responsáveis por aquilo que fizeram, mas ninguém é culpado do que aconteceu. Oxalá neste julgamento universal se possa declarar: “não há culpados” e se estabeleça como obrigação moral de cada ser humano reconciliar-se com o seu próprio passado. Isto começará aqui hoje em ti e serás responsável por que isto continue entre aqueles que te rodeiam, até chegar assim ao último recanto da Terra.

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