Se persegues um fim, acorrentas-te. Se tudo o que fazes é realizado como se fosse um fim em si mesmo, libertas-te

Este foi o texto que escolhemos para o encontro do dia 8:

O princípio da ação imediata. “Se persegues um fim, acorrentas-te. Se tudo o que fazes é realizado como se fosse um fim em si mesmo, libertas-te”.

Mostra como obter proveito de qualquer situação intermédia que nos leva à concretização de um objetivo. Não diz que não devam existir fins, já que a planificação de qualquer atividade faz-se com base num ou vários fins. O que se está a explicar é que dado um fim qualquer, todos os passos que a ele levam devem considerar-se do modo mais positivo possível. Se não for assim, qualquer atividade anterior à obtenção do fim produz sofrimento e, portanto, ainda que o fim se concretize perde sentido, pelo custo vital que representa o sofrimento aplicado nos passos.

A lenda seguinte descreve os problemas que surgem quando não se tem em conta o imediato e se consideram apenas os objetivos distantes da situação que se vive.

Uma leiteira levava sobre a sua cabeça uma grande bilha de leite. Levava-a para a vender no mercado da aldeia.

“Aqui levo uma grande bilha cheia de leite – dizia a si mesma. Se vier uma carestia, ganharei com ela cem rupias.

Com esse montante poderei ter duas cabras. Cada seis meses terão mais duas cabras. Depois das cabras, vacas; quando as vacas tiverem crias, venderei os vitelos. Depois, comprarei búfalos; depois éguas. As éguas dar-me-ão abundantes cavalos. A venda destes significa abundância em ouro. O ouro comprará uma grande casa com um pátio interior. Então, virá alguém a minha casa apresentando-se com um dote adequado à minha posição e casaremos. Teremos um filho a quem chamaremos Senhor Lua.

Quando tiver idade virá correndo para mim e aproximar-se-á demasiado dos cavalos.

Então, zangar-me-ei e chamarei pelo pai para que afaste os cavalos, mas como ele vai andar com as suas coisas não o fará.

Então eu me aproximarei deles e afastá-los-ei a pontapés”.

A leiteira deu um passo em falso no caminho ao bater com o pé contra uma pedra que não viu, tão preocupada estava com o seu devaneio; a bilha caiu da sua cabeça estatelando-se no chão e espalhando todo o seu conteúdo.»

Nota: os Princípios da Ação Válida fazem parte do livro “O olhar Interior” de Silo. O comentário e a lenda foram retirados do livro de “A Comunidade para o Desenvolvimento Humano”, um dos organismos nascidos do Movimento Humanista.

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