Um pequeno presente…

No encontro do dia 11 de março lemos e trocamos impressões sobre um excerto de um discurso de Silo cujo texto integral se pode encontrar aqui.

Como hoje estamos numa celebração (e em algumas celebrações as pessoas trocam presentes), gostaria de te dar uma prenda que tu verás se merece ser aceite. Trata-se, na realidade, da recomendação mais fácil e prática que sou capaz de oferecer. É quase uma receita de cozinha, mas confio em que irás além do que assinalem as palavras…

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A violência, o Estado e a concentração de poder

No encontro do dia 4 de março trocamos impressões sobre este texto, excerto da “4ª carta aos meus amigos”, escrita por Silo em Dez.1991

O ser humano, pela sua abertura e liberdade para escolher entre situações, diferir respostas e imaginar o seu futuro, pode também negar-se a si mesmo, negar aspetos do corpo, negá-lo completamente como no suicídio ou negar outros. Esta liberdade permitiu que alguns se apropriem ilegitimamente do todo social, quer dizer, que neguem a liberdade e a intencionalidade de outros, reduzindo-os a próteses, a instrumentos das suas intenções. Aí está a essência da discriminação, sendo a sua metodologia a violência física, económica, racial e religiosa. A violência pode instaurar-se e perpetuar-se graças ao manejo do aparelho de regulação e controlo social, isto é: o Estado. Em consequência, a organização social requer um tipo avançado de coordenação a salvo de toda a concentração de poder, seja esta privada ou estatal.

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As qualidades

No encontro do dia 18 de fevereiro conversamos sobre este texto:

No momento atual, na vida social e pessoal, tende-se a enfatizar as dificuldades e o negativo de si mesmo e das pessoas ao redor.

Essa visão degradante de si mesmo gera uma atitude, uma forma de sentir e de viver muito particular, cujo resultado a curto ou médio prazo será negativo.

Não negamos que existe um grande número de dificuldades que enfrentamos dia após dia. Mas é muito importante reconhecer que essa maneira de enfrentá-las é consequência de um sistema desumano que hoje se impõe e que tende a negativizar as pessoas.

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A realidade

No encontro do dia 11 de fevereiro conversamos sobre este texto extraído do livro “Humanizar a terra” de Silo:

II. A REALIDADE

1. Que queres tu? Se dizes que o mais importante é o amor ou a segurança, então falas de estados de ânimo, de algo que não vês.

2. Se dizes que o mais importante é o dinheiro, o poder, o reconhecimento social, a causa justa, Deus ou a eternidade, então falas de algo que vês ou imaginas.

3. Pôr-nos-emos de acordo, quando disseres: “quero a causa justa porque rejeito o sofrimento!”… “quero isto porque me tranquiliza; não quero aquilo porque me desconcerta ou me violenta”.

4. Será então que toda a aspiração, toda a intenção, toda a afirmação e toda a negação, têm por centro o teu estado de ânimo? Poderias replicar que tanto tristecomoalegre, um número é sempre o mesmo e que o sol é o sol, ainda que não exista o ser humano.

5. Dir-te-ei que um número é distinto de si mesmo, segundo tenhas que dar ou receber, e que o sol ocupa mais lugar nos seres humanos do que nos céus.

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A fé

No encontro desta semana conversamos sobre este texto extraído do livro “Humanizar a terra” de Silo:

XIV. A FÉ

1. Sempre que escuto a palavra “fé”, uma suspeita saltita no meu interior.

2. De cada vez que alguém fala da “fé”, pergunto-me para que serve isso que se anuncia.

3. Tenho visto a diferença que há entre a fé ingénua (também conhecida como “credulidade”), e aquela outra, violenta e injustificada, que dá lugar ao fanatismo. Nenhuma das duas é aceitável, já que enquanto uma abre a porta ao acidente, a outra impõe a sua paisagem febril.

4. Mas algo importante terá essa tremenda força, capaz de mobilizar a melhor causa. Que a fé seja uma crença cujo fundamento esteja posto na sua utilidade para a vida!

5. Se se afirma que a fé e a ciência se opõem, replicarei que hei-de aceitar a ciência, contanto que não se oponha à vida.

6. Nada impede que a fé e a ciência, se têm a mesma direcção, produzam o avanço, auxiliando o entusiasmo o esforço continuado.

7. E quem queira humanizar, que ajude a levantar os ânimos assinalando a possibilidade futura. Serve à vida por acaso, a derrota antecipada do céptico? Poderia a ciência ter-se mantido sem a fé?

8. Eis um tipo de fé que vai contra a vida, esta fé que afirma: “a ciência destruirá o nosso mundo!”. Melhor será pôr fé em humanizar a ciência cada dia e actuar para que triunfe a direcção com que foi dotada já desde o seu nascimento!

9. Se uma fé abre o futuro e dá sentido à vida, orientando-a a partir do sofrimento e da contradição em direcção a toda a acção válida, então a sua utilidade é manifesta.

10. Essa fé, tal como aquela que cada um deposita em si mesmo, nos outros e no mundo que nos rodeia, é útil para a vida.

11. Ao dizer: “A fé é útil!”, certamente incomodarás algum ouvido particularmente sensível, mas isso não te deve preocupar já que esse músico (se se examina um pouco), reconhecerá o quanto é útil a fé também para ele, mesmo que provenha de um instrumento diferente do que tu tocas.

12. Se consegues fé em ti mesmo e no melhor das pessoas que te rodeiam, fé no nosso mundo e na vida sempre aberta ao futuro, minimizarás todo o problema que até hoje te pareceu invencível.

A cura do sofrimento

No encontro do dia 28 de janeiro trocamos impressões sobre este texto, excerto de uma alocução de Silo cujo texto integral se pode encontrar aqui.

Há um tipo de sofrimento que não pode retroceder frente ao avanço da ciência nem frente ao avanço da justiça. Esse tipo de sofrimento, que é estritamente da tua mente, retrocede frente à fé, frente à alegria de viver, frente ao amor. Deves saber que este sofrimento está sempre baseado na violência que há na tua própria consciência. Sofres porque temes perder o que tens, ou pelo que já perdeste, ou pelo que desesperas alcançar. Sofres porque não tens, ou porque sentes temor em geral… Eis os grandes inimigos do homem: o temor à doença, o temor à pobreza, o temor à morte, o temor à solidão. Todos estes são sofrimentos próprios da tua mente; todos eles denunciam a violência interna, a violência que há na tua mente. Repara que essa violência deriva sempre do desejo. Quanto mais violento é um homem, mais grosseiros são os seus desejos.

Gostaria de te propôr uma história que aconteceu há muito tempo.

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O Humanismo

No encontro do dia 21 de janeiro trocamos impressões sobre este texto, excerto de uma alocução de Silo cujo texto integral se pode encontrar aqui.

Aproveito esta oportunidade de chegar a todos os pontos em que se congrega este conjunto humano que faz da Mensagem uma referência profunda. Porém, como é bom destacar, a estes lugares acorre não só gente que adere a esta espiritual, vaporosa e desorganizada Mensagem, mas também aqueles organizados membros do Movimento Humanista que trabalham esforçadamente por Humanizar a Terra. É a estes últimos que me dirijo especialmente nesta ocasião. Evidentemente, não devo nem posso opinar sobre o funcionamento ou as diversas actividades que desenvolve o Movimento Humanista, mas também não posso deixar de alentar esta empresa colossal que é tão fortemente requerida nas circunstâncias actuais. O mundo, mais do que noutros momentos, está a necessitar do Humanismo e nós estamos necessitados de Humanismo porque temos claramente urgência na humanização progressiva do mundo.

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O Caminho

No encontro do dia 7 de janeiro trocamos impressões sobre este texto extraído do livro A Mensagem de Silo.

Se crês que a tua vida termina com a morte, o que pensas, sentes e fazes não tem sentido. Tudo acaba na incoerência, na desintegração.
Se crês que a tua vida não termina com a morte, deve coincidir o que pensas com o que sentes e com o que fazes. Tudo deve avançar em direção à coerência, em direção à unidade.
Se és indiferente à dor e ao sofrimento dos outros, toda a ajuda que peças não encontrará justificação.
Se não és indiferente à dor e ao sofrimento dos outros, deves fazer que coincida o que sentes com o que penses e faças para ajudar outros.

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O trabalho em equipa

No encontro do dia 15 de novembro trocamos impressões sobre este excerto de um texto sobre o trabalho em equipa.

“(…) Neste nível de trabalho interessa-nos o trabalho em equipa, que se pode levar a cabo somente se se têm em conta certos requisitos, certas condições.
Uma das condições de um bom trabalho deste tipo é a de realizá-lo procurando sempre afinidade: afinidade entre as pessoas que participam disto. O que é que dá a afinidade? Não se sabe o que é que dá a afinidade, mas o que é certo é que uma pessoa encontra mais facilidade para trabalhar com uns do que com outros.
Há outro ponto importante nisto e que tem a ver com uma certa educação interna na relação com o outro, para efeitos de uma produção fluida. Tem a ver com a aptidão dos membros dessa micro-estrutura para distender a relação. Isto é muito interessante  porquanto, ao trabalhar por exemplo uma hipótese, surgem numerosos pontos de vista. Além de surgirem muitos pontos de vista, surge uma certa paixão na defesa do próprio ponto de vista. E então, claro, cria-se uma certa tensão entre os componentes. (…)
Como trabalhamos em equipa? Trabalhamos por afinidade e trabalhamos com base nesses registos de distensão. Então, esta forma de trabalho em equipa converte-se não  só numa questão externa, formal, mas também se converte em todo um trabalho interno.”

Silo. in O Livro de Escola

A adaptação crescente

No encontro do dia 8 de novembro trocamos impressões sobre este texto, excerto do livro «Cartas aos meus amigos», terceira carta, de Silo, cujo texto integral se pode obter aqui.

13. A adaptação crescente como avanço em direcção à coerência.

Consideremos o tema da direcção, da coerência que queremos conseguir. Adaptar-nos a certas situações terá a ver com essa proposta, porque adaptar-nos ao que nos leva em direcção oposta à coerência é uma grande incoerência. Os oportunistas padecem de uma grande miopia com respeito a este tema. Eles consideram que a melhor forma de viver é a aceitação de tudo, é a adaptação a tudo; pensam que aceitar tudo, sempre que provenha de quem tem poder, é uma grande adaptação, mas é claro que a sua vida dependente está muito longe do que entendemos por coerência. Distinguimos entre a desadaptação, que nos impede de ampliar a nossa influência; a adaptação decrescente, que nos deixa na aceitação das condições estabelecidas; e a adaptação crescente, que faz crescer a nossa influência em direcção às propostas que temos vindo a comentar.