No encontro do dia 11 de fevereiro conversamos sobre este texto extraído do livro “Humanizar a terra” de Silo:
II. A REALIDADE
1. Que queres tu? Se dizes que o mais importante é o amor ou a segurança, então falas de estados de ânimo, de algo que não vês.
2. Se dizes que o mais importante é o dinheiro, o poder, o reconhecimento social, a causa justa, Deus ou a eternidade, então falas de algo que vês ou imaginas.
3. Pôr-nos-emos de acordo, quando disseres: “quero a causa justa porque rejeito o sofrimento!”… “quero isto porque me tranquiliza; não quero aquilo porque me desconcerta ou me violenta”.
4. Será então que toda a aspiração, toda a intenção, toda a afirmação e toda a negação, têm por centro o teu estado de ânimo? Poderias replicar que tanto tristecomoalegre, um número é sempre o mesmo e que o sol é o sol, ainda que não exista o ser humano.
5. Dir-te-ei que um número é distinto de si mesmo, segundo tenhas que dar ou receber, e que o sol ocupa mais lugar nos seres humanos do que nos céus.
6. O fulgor de um filamento aceso ou de uma estrela, dança para o teu olho. Assim, não há luz sem olho, e se outro fosse o olho, distinto efeito teria esse fulgor.
7. Portanto, que o teu coração afirme: “amo esse fulgor que vejo!”, mas que nunca diga: “nem o sol, nem o filamento, nem a estrela, têm a ver comigo”.
8. De que realidade falas ao peixe e ao réptil, ao grande animal, ao insecto pequeno, à ave, à criança, ao ancião, ao que dorme e ao que frio ou febril, vela no seu cálculo ou no seu espanto?
9. Digo que o eco do real murmura ou retumba segundo o ouvido que percebe; que se outro fosse o ouvido, outra melodia teria o que chamas “realidade”.
10. Portanto, que o teu coração afirme: “Quero a realidade que construo!”