O pedido

No encontro do dia 22 de abril conversamos sobre o seguinte texto, extraído do seminário sobre  o Pedido:

Cerimónia de Bem-estar – Comentários de Silo

“Uma terceira cerimónia, conhecida como de “Bem-estar”, também é realizada a pedido dos assistentes. Trata-se, sem dúvida, de uma posição mental na qual uma ou várias pessoas são evocadas, tentando-se recordar do modo mais vívido possível a sua presença e os seus tons afetivos mais característicos. Procura-se compreender do modo mais intenso possível as dificuldades que nesses momentos podem estar a viver aqueles que são evocados. Em seguida considera-se uma melhoria na situação, de forma a experimentar o registo de alívio correspondente.

Esta cerimónia põe em relevo um certo mecanismo de ‘bons desejos’ ou ‘boas intenções’ com os quais nos expressamos quase espontaneamente e com muita frequência. Dizemos: ‘que tenhas um feliz dia’, ‘muitos anos de vida, ‘boa sorte para o exame’ ou ‘que superes a dificuldade atual’, etc. É claro que nesta cerimónia se fazem os ‘Pedidos’ a partir de uma boa disposição mental na qual se enfatizam os registos afetivos intensos. O ‘Pedido’ de benefícios para outros, realizado nas melhores condições, coloca-nos numa posição mental em que nos predispomos a dar a ajuda necessária e, além disso, melhora a nossa direção mental fortalecendo em nós as possibilidades de comunicação com as outras pessoas.

Um ponto muito importante a considerar nos ‘Pedidos’ é efetuá-los com o fim de que outras pessoas possam superar as dificuldades e restabelecer as suas melhores possibilidades. Sobre isto não deve haver confusão. Vejamos um caso. Podia-se supor que um Pedido pelo restabelecimento da saúde de alguém moribundo é o mais adequado, pois trata-se de retirar da dor e do sofrimento a pessoa afetada, mas ao perspetivar esse Pedido devemos ser cuidadosos porque não se trata de pedir o melhor para nós próprios, que gostávamos de manter o afetado com boa saúde e próximo de nós. O pedido correto deveria ser o melhor para esse moribundo e não o melhor para nós próprios. Nesta situação, em que estamos ligados pelo afeto a esse moribundo que sofre, talvez devêssemos considerar que essa pessoa pode desejar sair da sua situação reconciliada e em paz consigo mesma. Neste caso, o pedido é pelo ‘melhor para a pessoa afetada’ e não pelo melhor para mim, que gostaria de reter a outra pessoa a todo o custo. Assim, o Pedido pelo outro deve considerar o que é melhor para o outro e não para mim.

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