A oportunidade das ações

No encontro do dia 1 de novembro trocamos impressões sobre este texto, excerto do livro «Cartas aos meus amigos», terceira carta, de Silo, cujo texto integral se pode obter aqui.

12. A oportunidade das acções como avanço em direcção à coerência

Existe uma rotina quotidiana dada pelos horários, os cuidados pessoais e o funcionamento do nosso meio. No entanto, dentro dessas pautas há uma dinâmica e riqueza de acontecimentos que as pessoas superficiais não sabem apreciar. Há aqueles que confundem a sua vida com as suas rotinas, mas isto não é assim de todo, já que muito frequentemente têm que escolher dentro das condições que lhes impõe o meio. Na verdade, vivemos entre inconvenientes e contradições, mas convirá não confundir ambos os termos.

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O inimigo

Este relato faz parte do livro «Experiências Guiadas» de Silo, que serviu de base à atividade de meditação pela não-violência.

Esta experiência visa a reconciliação com alguma pessoa que nos causa ou nos causou perturbação. É importante que nos reconciliemos internamente com aquele que julgamos nos ter prejudicado, ou com quem nos sentimos ressentidos. A reconciliação não só beneficia o comportamento externo, mas também permite integrar e superar conteúdos mentais opressivos.

Experiência guiada

Estou no centro da cidade, no momento de maior atividade comercial. Veículos e pessoas deslocam-se apressadamente. Também eu me movo com urgência.

De repente, tudo fica paralisado. Só eu tenho movimento. Então, examino as pessoas. Fico a observar uma mulher e depois um homem. Dou voltas ao seu redor. Estudo-os bem de perto.

Depois, subo ao tejadilho de um automóvel e de lá olho em redor, comprovando, além do mais, que tudo está em silêncio. Continuar a ler O inimigo

A não-violência vai fazer a Revolução Mundial

Artigo de José Miranda no blog «o Tirsense»

Esta mascarada enorme 
com que o mundo nos aldraba,
dura enquanto o povo dorme,
quando ele acordar, acaba.
António Aleixo

A oligarquia internacional, os que “fornecem” o dinheiro do mundo (com juros!), não deverá cair sem resistência.
A luta será paradoxal: de um lado os cidadãos do mundo, os 99%, nós todos, fartos de ser escravizados, conscientes da necessidade de criar um sistema que não mate a vida no planeta; do outro a oligarquia, menos de 1% da população mundial. Porém a força e as armas estarão do lado dos 1%, que controlam os governos, os quais controlam os exércitos e as polícias. Continuar a ler A não-violência vai fazer a Revolução Mundial

As falsas esperanças

Este relato faz parte do livro «Experiências Guiadas» de Silo, que serviu de base à atividade de meditação com imagens.

Nesta experiência pretende-se solucionar problemas de futuro no sentido de esclarecer projetos, deixando de lado as imagens que impedem um adequado sentido da realidade.

Experiência guiada

Cheguei ao lugar que me recomendaram. Estou em frente à casa do doutor. Uma pequena placa adverte: “você que entra, deixe toda a esperança.”

Depois da minha chamada, abre-se a porta e uma enfermeira faz-me entrar. Assinala uma cadeira na qual eu me sento. Ela põe-se atrás de uma mesa diante de mim. Pega num papel e depois de o colocar na sua velha máquina de escrever, pergunta-me: ” Nome? “, e eu respondo. “Idade?”…, ” Profissão?”…, “Estado civil?”… “Grupo sanguíneo?”… Continuar a ler As falsas esperanças

A criança

Este relato faz parte do livro «Experiências Guiadas» de Silo, que serviu de base à atividade de meditação com imagens.

Nesta experiência trata-se de ressaltar os primeiros registos de injustiça, por isso a cena localiza-se numa época da infância. A sensação de injustiça atual à qual também se recorre é comparada com as primeiras experiências desse tipo, com o objetivo de encontrar uma relação que permita integrar esses conteúdos aparentemente separados num mesmo sistema de compreensão. A intenção é libertar-se de sentimentos negativos que, por autocompaixão, limitam o comportamento no mundo de relações.

Experiência guiada

Vou caminhando pelo campo. É de manhã muito cedo. À medida que avanço, sinto-me seguro e alegre.

Consigo entrever uma construção de aspeto antigo. Parece feita de pedra. Também o teto, em forma de chalé, é como de pedra. Grandes colunas de mármore destacam-se na frente. Continuar a ler A criança

As nuvens

Este relato faz parte do livro «Experiências Guiadas» de Silo, que servirá de base à atividade de meditação com imagens.

Gravação em castelhano As nuvens (gravação em castelhano)

Nesta experiência, dão-se elementos para que o praticante exercite imagens de liberdade de movimento físico e, ao mesmo tempo, possa reconhecer sensações gratificantes. É um trabalho simples que brinda registos de relaxamento das tensões mentais e que permite observar os problemas quotidianos de uma perspectiva ampla e calma,  contribuindo para sua melhor solução a partir desse estado.

Experiência guiada «As Nuvens»

Em plena escuridão, escuto uma voz que diz: “Então não havia o existente nem o não existente; não havia ar, nem céu e as trevas estavam sobre a face do abismo. Não havia seres humanos, nem um só animal; pássaro, peixe, caranguejo, madeira, pedra, caverna, barranco, erva, selva. Não havia galáxias nem átomos… também não havia supermercados. Então, nasceste tu e começou o som e a luz e o calor e o frio e o áspero e o suave.” Continuar a ler As nuvens

Sofrimento e violência interna

Sofre-se por aquilo que acreditamos que está a acontecer, pelo que acreditamos que aconteceu ou que acontecerá.
Por isso, a violência interna tem três origens principais dentro de cada pessoa: as frustrações passadas, a desorientação atual e os medos acerca do futuro.

O sentido da vida desempenha um papel crucial na geração ou não de violência interna, na maneira como os seres humanos tratam os seus medos principais, ou seja, o medo da morte, da velhice, da pobreza e da solidão.

O sofrimento pessoal e social deve ser superado pela modificação das situações de apropriação ilegítima e violenta que produziram contradição no mundo.
No que diz respeito à metodologia de ação, o Humanismo rege-se pela ação não-violenta.
Ao mesmo tempo, denuncia qualquer forma de violência física, económica, racial, religiosa, sexual, psicológica e moral.

Como superar a violência?

Enquanto o ser humano não realizar plenamente uma sociedade humana, ou seja, uma sociedade em que o poder esteja no todo social e não apenas numa parte que submete o conjunto, a violência será o signo sob o qual se realizará toda a atividade social.

A não-violência promove uma nova atitude perante a vida e tem como ferramentas principais:

  • a não-colaboração com as práticas violentas;
  • a denúncia de todos os atos de violência e discriminação;
  • a desobediência civil face à violência institucionalizada;
  • a organização e mobilização social, voluntária e solidária;
  • o desenvolvimento das virtudes pessoais e das mais profundas aspirações dentro de cada um.

A metodologia da não-violência ativa tem raízes muito antigas em diferentes correntes filosóficas, religiões, códigos éticos, sistemas legais, etc.
Mais recentemente encontramos os exemplos de Gandhi e Martin Luther King, e a expressão mais completa da não-violência ativa no pensamento de Silo e na sua obra social.

Confundir não-violência com pacifismo conduz a numerosos erros.
O pacifismo encara temas como os do desarmamento, fazendo disso a prioridade essencial de uma sociedade, quando na verdade o armamentismo é um caso de ameaça de violência física que responde ao poder instituído por uma minoria que manipula o Estado.
O tema do desarmamento é de importância capital. No entanto, mesmo que tenha êxito na sua procura, o pacifismo não modificará por isso o contexto da violência.

Sobre a violência

A violência é o mais simples, frequente e eficaz modo de manter o poder e a supremacia, impor a própria vontade a outros, usurpar o poder, a propriedade e até as vidas alheias…

Há uma noção ingénua generalizada de que a violência é apenas física. Mas também se exerce violência quando se nega a liberdade das pessoas, as suas intenções e escolhas.
As diferentes formas de violência (física, económica, racial, religiosa) são expressões da negação daquilo que no outro é humano.

A contradição social é produto da violência. Esta violência manifesta-se na ação de despojar o ser humano ou conjuntos humanos de intenção e, evidentemente, de liberdade. A apropriação do todo social por uma parte do mesmo é violência.